Escrevendo em Japonês com o Emacs


De uns três ou quatros anos para cá, iniciei minhas aventuras no universo do “entretenimento” assistindo animes e jogando mais games (além de ouvir mais música também). Logo após iniciar. depaire-me com uma questão incômoda: chegará o dia em que não terei o que assistir nem o que jogar porque já terei consumido quase todo o conteúdo (infelizmente eu seleciono muito…) já legendado/traduzido para inglês/português, logo, minha única solução seria começar a aprender japonês. Tenho até o caso do jogo Samuray Showdown RPG que desconfio não ter sido capaz de “fechar” justamente por saber nada de Kanji! Este exemplo é um dos que estão incomodando-me a alguns anos e, recentemente, resolvi baixar do YouTube e estudar a fundo o curso básico de japonês da Sonia Ninomiya-Sensei.

No Japão, existem três sistemas de escrita: Kanji, Hiragana e Katakana. O curso da Sonia Ninomiya-Sensei cobre principalmente o Hiragana ainda que os outros dois sejam mencionados na terceira aula. O treino da escrita é importante porque também aprimora a capacidade de reconhecimento desses caracteres. Contudo, como um analfabeto como eu poderia escrever japonês de uma forma mais fácil? Papel e enpitsu (lápis) nunca foram meus amigos…

Entra, então, o Emacs em cena… Usando o Emacs eu já conhecia um método relativamente simples para escrever Hiragana ou Katakana usando UTF-8. Por exemplo, para escrever a letra “ro”, faz-se o seguinte:

,----
| C-x 8 RET HIRAGANA LETTER RO
`----

E o resultado será:
hiragana_letter_ro.png

É importante lembrar (eu já esqueci umas duas vezes…) que o arquivo deve ser salvo em codificação UTF-8 para que se possa misturar os nossos caracteres com os japoneses.

A simplicidade está no fato de que basta saber o som da sílaba e o autocompletar do Emacs faz o resto. Cheguei a achar que este seria um método bom para aprender… Até ter ido pesquisar como escrever em Kanji acabei aprendendo a forma “definitiva”: input methods!

Já havia “passado o olho” no capítulo do manual do Emacs que trata dos input methods, porém não havia me dado conta das facilidades, muito menos das relacionadas à língua japonesa, coisas que acabei por aprender na página http://members.optusnet.com.au/~charles57/GTD/emacs_japanese.html, onde é explicado que podemos definir o input method para “japanese” e digitar os fonemas/sílabas naturalmente com o nosso teclado padrão e os caracteres são produzidos “automagicamente” com as palavras “traduzíveis” para Kanji sendo convertidas.

Precisei do input method “japanese” apenas na terceira aula do curso (nas demais pretendo usar apenas o “japanese-hiragana“) onde foi ensinado a forma mais natural aos japoneses para escrever-se a frase “Ike ga arimasu.”, onde a palavra ike é grafada em Kanji e o resto em Hiragana. O procedimento é o seguinte:

  1. Definir o input method para “japanese“:

    ,----
    | M-x set-input-method RET japanese RET
    `----
    
  2. Escrever literalmente os caracteres da frase:
    ike_ga_arimasu.png
    (o resto o Emacs resolve sozinho!)

Para retornar o input method padrão, pode-se usar o atalho C-\. Idem para voltar ao “japanese“.

Mas e que diabos aquela frase significa?

Literalmente, decompondo a frase, temos:

ike
lago/lagoa.
ga arimasu
existe/há/tem.

ou seja, “Há um lago.”. A palavra arimasu só é usada para objetos inanimados. Para seres vivos, a palavra imasu é usada. Outro detalhe é que não há distinção de número, ou seja, “lago” ou “lagos” teriam a mesma conotação “ga arimasu“. Só não entendi ainda muito bem sobre a partícula “ga” e sobre o porque da pronúncia do “arimasu” ser apenas “arimass” (na maioria dos casos), bem como de outras palavras terminadas em “su”, há momentos em que ouço o “su” do final principalmente quando a sentença ainda não terminou… Bem, o caminho ainda é loooongo… Bons estudos para nós!

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